A metodologia aplicada nas atividades formativas da FTIA/RS, sempre procurou respeitar o conhecimento acumulado que cada pessoa traz consigo. Os saberes do peão serviram de fundamento para a elaboração das bases teóricas da formação sindical, que tem como concepção a conjugagação de refletir e agir como o único meio eficaz de construir a luta dos trabalhadores.
Paulo Freire inspirou esse trabalho, realizado com várias mãos e cujo Coletivo de formação, que se constituiu como um espaço de debate, planejamento e organização da política de formação da Federação, esteve sempre aberto à participação de todos os Sindicatos filiados.
A mensagem de Paulo Freire em "A Canoa" traduz muito bem a nossa filosofia de trabalho, pois mostra que, analogamente ao "saber nadar" do barqueiro, o conhecimento operário sendo desconsiderado, poderá acarretar na ineficácia do conhecimento e da ação sindical:
Em um largo rio, de difícil travessia, havia um barqueiro que atravessava
as
pessoas de um lado para o outro.
Em uma das viagens, iam um advogado e uma professora.
Como quem gosta de falar muito, o advogado pergunta ao barqueiro:
Companheiro, você entende de leis?
Não. - Responde o barqueiro.
E o advogado compadecido:
É pena, você perdeu metade da vida!
A professora muito social entra na conversa:
Seu barqueiro, você sabe ler e escrever?
Também não. - Responde o remador.
Que pena! - Condói-se a mestra - Você perdeu metade da vida!
Nisso chega uma onda bastante forte e vira o barco.
O canoeiro preocupado pergunta:
Vocês sabem nadar?
Não! - Responderam eles rapidamente.
Então é uma pena - Conclui o barqueiro - Vocês perderam toda a vida!
"Não há saber mais ou saber menos, há saberes diferentes." (Paulo Freire).
